Entrevista Jorge Palma

Para o seu primeiro single, que fez em inglês, pediu a Thilo Krassmann ajuda para gravar, mas o maestro não o colocou no catálogo. Foi com Arnaldo Trindade, sem contrato e sem cachet, que fizeram uma edição de 300/500 discos. Não vendeu muitos, mas chegou a ser pago com um frigorífico e uma máquina de lavar. Estava iniciado um percurso de inúmeros discos e concertos de sucesso. Actualmente, sem pressa, prepara o próximo álbum.

Jorge Palma encerra comemorações dos seus 70 anos com concertos extra

 

Há muitas diferenças entre o Jorge Palma que viveu na Dinamarca, nos anos 70, e o de agora?
Mudou muita coisa estruturalmente… E circunstancialmente ainda mais. Eu em 1973, quando fui para a Dinamarca, convidei a minha namorada e perguntei-lhe: “queres vir?”. Não sabia quando ia voltar.

“Faço as coisas que gosto, pessoas ou do trabalho. Há propostas que não me fazem porque me conhecem.”

 

Acabou por ser em 1974.
Mas podia ter sido 20 anos depois. Eu não sabia. Eu tinha uma certa percepção do que acontecia [em Portugal], embora não pertencesse a nenhum partido. Tinha uma certa convivência com o José Carlos Ary dos Santos e tinha uma ideia. Mas nem ele, que era uma pessoa envolvida politicamente, nem ninguém, sabia quando ia acontecer o reviralho. Eu convidei-a, para saber se queria ir comigo. Tínhamos um convite de um encenador, que tinha lá estado, com quem eu trabalhei e que me pôs a casa às ordens.

Nessa altura havia muita gente que ia para a Holanda.
Era um destino muito aberto aos refugiados. Mas na Dinamarca tinha casa onde ficar e amigos que poderiam ajudar a conseguir asilo político. Era um governo (dinamarquês) muito diferente do que o que é neste momento, porque agora está muito mais virado à direita. Eu era alguém que não tinha filhos, tinha laços fortes com a minha mãe e mais algumas pessoas de família, e fui. “Vamos lá ver como é que é”.

E como foi?
Foi bom. Fui embora na mesma altura da revolta do Pinochet e havia imensos chilenos a chegar nessa altura. E gente de todo o mundo. Poderia ter aprendido dinamarquês, que não aprendi… O governo proporcionava isso aos refugiados, mas eu não ia às aulas. A minha professora de dinamarquês era casada com um músico de jazz, que tinha um contrabaixo e um piano em casa. Eu comecei a passar as noites em casa deles (eu ao piano e ele no contrabaixo).
Às 9h da manhã não ia às aulas. Também era verdade que toda a gente, naquela altura, na Dinamarca, falava um mínimo de inglês, portanto não tinha problemas de comunicação. Mas aprendi muita coisa no convívio com aquela gente.

SPAUTORES © JAIME SERÔDIO

Como, por exemplo…
Foi um choque cultural. Essa casa onde fiquei tinha muitas divisões. Algumas delas estavam arrendadas a estudantes trabalhadores, entre os 17 e os 21 anos, porque normalmente com aquela idade, na Dinamarca, já não se vive em casa dos pais. Inclusive, os pais, aos 17 anos, encorajam os filhos a saírem de casa. Mas também aprendi outras coisas. A relação do homem com a mulher, a relação entre os sexos. Via debates políticos na televisão. Eu fiquei de boca aberta. “O que é isto?!” Vários partidos, incluindo o que estava no Governo e os da oposição a discutirem abertamente sobre as coisas. A maneira de viver foi muito enriquecedora para mim.

E o contacto com Portugal mantinha-se?
Eu já tinha passaporte dinamarquês e ia ligando para Portugal. Tinha amigos conhecidos e outros não tão conhecidos – sendo que o mais conhecido era o Ary dos Santos – e iam dizendo o que se passava em Portugal. Houve um momento em que eu percebi que era uma festa. E, a partir daí, não vim precipitadamente, percebi que tinha sido uma viragem para uma democracia, bastante para a esquerda. E senti que ia voltar. Mas não vim a correr. Estive uns dias em Inglaterra e depois fui um dia para o Sul de Espanha. Dei umas voltas, encontrei uns amigos, ainda toquei em vários sítios e, depois, no final de Julho ou início de Agosto, peguei num carro alugado e vim para Portugal.

Qual a primeira sensação à entrada em Portugal?
Assim que entrei percebi. Eu estava quase sem gasolina e teso. Em Grândola, a Guarda Nacional Republicana (GNR) ofereceu-me gasolina. Eu dizia: “eu pago”. “Neste momento não posso, mas para a semana…”. A GNR respondeu: “Não paga nada. Você não paga nada. Isto é oferecido. Vá lá.” A GNR, que dois ou três anos antes, andava à cacetada à gente. Eu disse: “temos festa!”.

E o que mudou desde então?
Esse Jorge Palma já não tem mãe, mas tem dois filhos e um neto. Não é que isso me prenda. De forma nenhuma. Aliás, devo ser dos avós mais ausentes. Raramente estou com o meu neto. Há avós que fazem construções e vão à pesca com os netos. Eu não sou desse género. Mas gosto muito de o ver. Fundamentalmente, não arranjo razões para me prender. É evidente que há responsabilidades. Tenho concertos marcados, tenho uma equipa com quem funciono. Não posso dizer: “Olha, meus amigos. Temos uns concertos marcados, mas eu agora vou para África”. Não posso fazer isso. Mas posso arranjar maneira de encontrar um certo compromisso. Um equilíbrio.

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O que é ser livre?
A liberdade para mim é uma coisa fundamental. Sem liberdade tem que se arranjar forma de se dar a volta. Se me sentir preso começo a não funcionar. Eu não deixo chegar a esse ponto. Toda a gente que lida comigo sabe que não vale a pena. Há um compromisso sempre com esse valor.

Mas o que será a definição de liberdade?
É não fazer coisas que sejam ou signifiquem uma pedra no sapato. De uma maneira mais singela, não gosto de fazer – e não faço – fretes. Faço as coisas que gosto, das pessoas ou do trabalho. Há propostas que não me fazem porque me conhecem.

        “alguém, há muitos anos, decidiu que eu era de esquerda.

E não é verdade?
Acho que sim. Considero-me de esquerda. Mas uma esquerda anárquica, digamos.

Voltando ao percurso de que falávamos, agora pós Dinamarca…
Há várias Dinamarcas, para mim. Há a primeira, onde eu vivi e lidei com essas maneiras de estar, muito diferentes e há uma altura, uns anos depois, em que me retiro mesmo. E não ia à procura de asilo político nem porcaria nenhuma. Ia pura e simplesmente abrir, passear. Viver um dia de cada vez. A primeira experiência foi em 1977, que foi passar um verão de guitarra às costas a andar por Espanha. Percebi que dava para ganhar dinheiro suficiente para estar numa pensão – não era preciso ser um hotel de cinco estrelas -, para comer e outras coisas que um gajo gosta, como ir a concertos e jantar bem. Nesse mesmo ano fui tocar em Paris. Em vez de voltar com o resto do pessoal, fiquei dois anos. Naquela base de ganhar o dinheiro que queria a tocar no metro, e por tudo o que era sítio. Nuns dias demorava mais a fazer os francos que eu queria do que noutros. Mas aí já estava num hotel com casa de banho privativa. E aquela sensação: “Fiz 700 francos hoje. Deu para comer ostras e essas coisas todas”. E no dia seguinte acordava teso. Era o costume. Como já tinha a confiança do dono do café em Odeon, ia tomar o pequeno-almoço, que normalmente era uma omelete com cogumelos e depois dizia: “já venho, já pago”.

Era uma conta corrente.
Era. E aquela sensação de todos os dias conhecer pessoas novas, de vários sítios do mundo… Depois, havia uns que se iam tornando amigos e os newcomers, de África, por exemplo, que tocavam outros instrumentos. Estávamos sempre a tocar. E aquela sensação de acordar e dizer: “está um óptimo tempo”. Depois chegava ao café e encontrava alguém que dizia: “queres ir à Suíça, até Geneva?”. “Bora”. E íamos. Tive algumas namoradas, umas mais permanentes que outras. Mas não havia nada que me prendesse. Nem um horário.

O que seria o Jorge Palma com um emprego?
Seria um problema se eu tivesse um emprego. Eu tentei, entre os meus 19 e os 21. Cheguei a concorrer para ser locutor de televisão. Foi uma desgraça. Tentar apresentar um telejornal… Estava nervoso. Andei a fazer inquéritos sobre refrigerantes, de porta a porta. Não tive, nem aguentaria um trabalho com entrada às 9h da manhã. Um problema que eu tenho é a pontualidade. Eu posso ser pontual. É olhar para o relógio. Mas tenho esse problema, que eu inventei…

A vida encara-se com optimismo?
Eu sou um optimista céptico. Essa expressão eu ouvi do José Saramago e não me lembro bem se ele diz optimista céptico ou céptico optimista. Mas acho que é optimista céptico. Pelo menos é o que eu acho que sou. Não se pode ser super optimista nos vários mundos em que eu tenho vivido.

Na fase de tocar no metro, havia uma preocupação em agradar, por exemplo por se ganhar mais a tocar umas músicas que outras?
Eu acho que sei o que estás a perguntar.
Não. Não. Mas isso também dependia das circunstâncias. Lembro-me no sul de França, no verão. A tocar em esplanadas com gente rica, muito rica mesmo. E eu cheio de fome, porque nesse dia não tinha conseguido. E lembro-me de cantar “Like a Rolling Stone”. E não estava nada a querer agradar. Eu estava a atacar os gajos: “How does it feel?”. “How does it feel?”.

                 “Não se pode ser super optimista nos vários mundos em que eu tenho vivido.

Provocatório.
Sim. E normalmente o que eu faço é pegar na guitarra e interpretar. Sem procurar ângulos bonitos.

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Na altura era um repertório extenso?
Eu sabia dezenas de canções. Desde Leonard Cohen, Dylan e Paul Simon, também. O que me interessava era tocar aquilo o melhor possível. Nessa altura, 1978 a 1981, havia músicos de rua todos muito diferentes uns dos outros. Eu conheci um par de alemães que só sabiam tocar duas músicas. E tocavam essas duas músicas perfeitamente bem, horas e horas seguidas. Ainda por cima eram bonitos e faziam imenso taco. Eu era incapaz de fazer isso. Eu lembro-me que a Billie Holiday não cantava a mesma canção no mesmo dia. Eu também não. Aconteceu algumas vezes e acontece, mas [por regra] não. Ia cantando as coisas de que eu gosto, mas sem estar a repetir porque aquela é mais conhecida, ou não sei quê. Aliás, eu aproveitava esse espaço todo de liberdade para tocar coisas muito pouco comerciais. Eu sabia que a maior parte das pessoas nunca tinha ouvido aquilo. A começar pelas minhas canções. Em França, às vezes cantava as minhas canções. Mas havia uma coisa curiosa. De manhã, cedo, cantava canções pesadas, em Francês. Estou a falar de Léo Ferré e estou a falar de Jacques Brel. As pessoas que iam para o trabalho, quando eu começava a tocar as coisas pesadonas… “Avec Le Temps” [não reagiam]. Se eu começasse a tocar coisas bluegrass, alegre, mesmo que ninguém conhecesse “you are my flower”, as pessoas reagiam logo bem.

Às vezes, mais tarde, também tocava as coisas mais pesadas do Cohen e do Dylan e, por vezes, as pessoas que iam sair naquela estação só saiam depois de eu acabar a música. E às vezes convidavam-me: “não queres ir beber um copo lá acima?”. E eu muitas vezes disse que sim: vamos beber um “demi”.

O contexto dos músicos e da música mudou enormemente desde essa altura.
Eu tenho 71 e meio. Acho que comecei na altura certa e os tempos eram mais fáceis. Há vários dados para essa equação. Não havia internet nem spotify. Havia poucos estúdios, poucas editoras, eu conhecia tudo o que era bom músico em Portugal. Do rock ao jazz. Da pop. Bons pianistas. Eu era amigo de várias pessoas em posições chave.

Dentro das editoras, por exemplo?
Sim. Estou a lembrar-me do Thilo Krasman, que era um grande músico e maestro. Estava à frente de uma editora. Havia o Carlos Cruz que estava à frente da editora do Zeca Afonso, do Sérgio, do Adriano, esse pessoal todo. E para gravar o meu primeiro single, em inglês, eu fui ter primeiro com o Thilo Krasman e disse: “importas-te de gravar aqui estas duas canções, para te mostrar e ver se consigo gravar um disco?”. E o Thilo arranjou um bocado e disse que sim: “Toca aí”. Era tocar e cantar ao mesmo tempo. “OK. Estão feitas as duas.”. “Então e a editora está interessada?”. E ele disse: “Não, a minha não. Mas pega nisto e leva”. Eu, com as gravações em bobine, fui ter com o Carlos Cruz e ele achou piada. E teve o OK do Arnaldo Trindade. Não havia contrato. Não havia cachet, sequer. Eu era um puto. Fizeram uma edição de 300 ou 500 discos e acho que aquilo vendeu três ou quatro, mas ofereceram-me muitos para os amigos e a família. As coisas foram-se processando assim. O Arnaldo Trindade, o grosso do negócio dele, era electrodomésticos. Eu recebi um frigorífico e uma máquina de lavar roupa, salvo o erro. No disco seguinte fui para uma editora que era a Sassetti. Pagaram-me com uma boa aparelhagem de som. Mas no meio disso tudo eu começo a ser conhecido no meio musical e editorial, entre os músicos e os responsáveis das editoras. E o Mário Martins, nessa altura da Valentim de Carvalho, abriu-me as portas para o primeiro álbum. Disse: “vai lá para estúdio e faz o que quiseres”.

    “lembro-me de cantar “Like a Rolling Stone”. E não estava nada a querer agradar. Eu estava a atacar os gajos “How does it feel!”

Liberdade total. E para além disso confiou em mim enquanto orquestrador. Deu-me um trabalho e era disso que eu viva. Quem é que conhecia o Jorge Palma? Em 1973 a 1976… O trabalho que ele me deu, fazer arranjos para a Tonicha, para o Paco Bandeira, para a Amália, e outros de quem eu já nem me lembro o nome, foi onde ganhei o meu dinheiro. Sobretudo enquanto orquestrador e músico de estúdio. E a coisa foi seguindo. Em 77 marimbo-me nisto tudo e saio para passear. Sem rede. Lá fora ninguém sabia quem era o Jorge Palma. Nem como músico, nem como orquestrador, nem como cantor, nem porra nenhuma. Portanto, foi aquela coisa: “É melhor estar bem disposto e cantar as coisas bem, com alma. O resto virá”.

É o que deve fazer hoje um jovem músico?
Eu tenho dois filhos e qualquer deles tem um estúdio em casa. Eu não tenho. Mas gravei aqui em casa um disco de poesia, da mãe da Rita, minha mulher, que é uma amante de poesia e diz poesia muito bem. Ela gravou aqui em casa poemas a seco. O disco tem espaços musicais que eu fiz, de acordo com o que eu a ouvia a dizer. E instrumentais. E foi tudo uma cena familiar. Feita aqui em casa e resultou. Eu neste momento, por exemplo, tenho o dictafone, que é para gravar ideias que eu tenho para o telemóvel. E depois envio. E a pessoa do outro lado responde. Hoje em dia os putos todos têm estúdios em casa. Não sei depois até que ponto isso resulta. Há todo um processo. Quem distribui? Eu não tive esse problema, felizmente. Quando uma editora não estava interessada eu ia bater à porta da outra. Neste momento o meu catálogo divide-se por duas editoras, basicamente. A Warner e a Universal. Até um dia chegarem a acordo e uma delas ficar com o catálogo todo. A verdade é que tenho as portas abertas para gravar, quando for a altura. Mas acho que está mais difícil para os miúdos começarem uma carreira.

Mas perdeu-se o paradigma do álbum.
Vai deixando de existir, claro. No meu caso justifica-se, porque é uma continuação. Há todo um percurso. Para quem gosta do meu trabalho, gosta de ter o vinil, por exemplo.

Os estúdios em casa são uma solução para começar?
É bom, até para experimentar instrumentos e a gravação com várias pistas. Nesse aspecto está mais acessível. Agora há 500.000 pessoas a fazer isso, mas depois a visibilidade passa pelas editoras e as rádios, a televisão…

A música do Jorge Palma mudou muito desde o início?
Está sempre a mudar. De disco para disco. Em cada disco estou sobre influências diferentes. Isso nota-se bem. Quando estou mais virado para Clássica, Jazz ou rock. A minha maneira de fazer música não mudou. O género é que continua a ser diferente de período para período. Em relação ao meu próximo disco – já se torna anedótico – dizem-me: “Então?”. E eu respondo: “Calma. deixa ver”. Eu podia ir já para estúdio. O meu produtor vai ser o Mário Barreiros. Mas não quero que no estúdio seja uns dias de uma semana e outros depois. Todo o trabalho em casa se junta ao trabalho em estúdio. Grande parte do trabalho final é feito lá. Transforma-se, porque sou um compositor e escritor muito solitário. Já tenho feito coisas com outras pessoas. Mas foram raras essas ocasiões. Posso pegar numa letra do Carlos Tê, do João Monge, ou num poema do Al Berto, e musicar, porque basicamente sou músico e é-me muito mais fácil musicar um texto do que o contrário – que é ter a música e inventar as palavras certas para essa música.

  “Em cada disco estou sobre influências diferentes. Isso nota-se bem.

E Ary dos Santos?
Foi um grande mestre e uma peça fundamental na minha evolução enquanto escritor de palavra. Essa influência ficou.

Ao longo deste percurso relacionamos sempre Jorge Palma com três instrumentos: voz, guitarra e piano. É possível preferir um?
A voz é melodia. Eu posso escolher a tonalidade e até inventar maneiras diferentes de cantar isto ou aquilo. Com a voz eu aprendo a cantar. No instrumento… Eu sou muito mais pianista do que guitarrista, porque eu tenho formação clássica no piano. Na guitarra sou autodidata. Aprendi com os amigos, a tirar coisas dos discos.

Há músicas em que se nota essa formação pianística.
Nalgumas músicas nota-se.

Lembro-me de uma, por exemplo, em que está lá Bach.
Eu sei de que é que estás a falar. É uma cena mesmo Bachiana.

Minha senhora…
…da Solidão. Que é inspirado no Prelúdio e Fuga em Dó Menor, do Livro I. Recomecei a estudá-lo recentemente para uma homenagem à Olga Prats, no Centro Olga Cadaval. Mas na véspera estava nervosíssimo e fui para a minha zona de conforto. Toquei uma canção minha. Mas está ali [no piano] para eu recuperar. Isso e um concerto de Mozart. Há uma sonata de Beethoven, que também vou por de pé. Para mim.

Nos tempos livres, aqui em casa, ouve-se muita música?
Tem alturas.

E os géneros também têm alturas?
Os géneros também. Está tudo ligado. De repente estou aqui e ponho uma Sonata de Beethoven ou uma coisa de Debussy. E depois também tem a ver com as pessoas com quem vais falando em cada momento. Por exemplo, o Laginha sabe que eu gosto de bluegrass e disse-me: “Experimenta ouvir o Chris Thile”. Fui ver e é uma loucura. Aconselho-te a ouvir o Chris Thile, por exemplo, com o Brad Mehldau, no piano. E tudo a improvisar. Eu, se for preciso, a seguir estou a ouvir Ennio Morricone. E os meus filhos também me dão sugestões. Normalmente com cenas mais viradas para o rock.

SPAUTORES/Jaime Serôdio

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