Lançamento de “Alma Minha Gentil” de Rosa Lobato de Faria em sessão intimista

Presidente da SPA agradece doação do espólio da autora “à sua casa institucional”

Foi uma sessão intimista, simples, quase informal e límpida, como era a autora de “Alma Minha Gentil”, texto original de Rosa Lobato de Faria, que o Clube do Autor lançou no passado dia 17 de Abril, no Auditório Maestro Frederico de Freitas, com o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores e cujas ilustrações, de excelência, da autoria de Pedro Sousa Pereira, “dão a este livro a capacidade de voar”, conforme sublinhou José Jorge Letria. 

Convidado pela família de Rosa Lobato de Faria para escrever o posfácio desta derradeira obra inédita da Rosinha, como é carinhosamente tratada a autora que morreu a 2 de Fevereiro de 2010 com 77 anos, o presidente da SPA enalteceu na sessão, tal como o faz no final desta breve ficção narrativa que tem Luís de Camões, poeta do seu coração, e o drama da sua vida como tema central, “o fulgor da criação” de que a Rosinha era exemplo máximo. 


 “Recordo a incansável obreira da escrita, a polivalência do seu talento, a limpidez da sua ética como autora, o seu amor a Portugal e à sua História, a sua enorme capacidade de se dar a todas as áreas e a sua espantosa energia”, lembrou José Jorge Letria, que com ela partilhou não só a escrita, como a gestão da SPA, enquanto vice-presidente da sua Mesa da Assembleia Geral. “Éramos um bocado todo-o-terreno”, comentou.


 José Jorge Letria referiu-se ao livro ora lançado no mercado como “um legado poético que a narrativa consubstancia e engrandece, tornando-o acessível a públicos de diversas idades”. 


O reencontro com Rosinha


 A entusiasta editora do Clube do Autor, Cristina Ovídio, que falou em seguida, desvendou o nascimento desta obra, contando que tal aconteceu durante um almoço com Rosinha que durou das 13 às 18 horas. O tema foi Luís de Camões e o que ficou foi este projecto, agora concretizado e complementado com as ilustrações de Pedro Sousa Pereira, que ela sabia desejar muito ilustrar Camões, especialmente “Os Lusíadas”, depois de se ter aprimorado na ilustração da “Mensagem” de Fernando Pessoa e, entre outras, do “Só” de António Nobre.


 Cristina Ovídio, vestida de amarelo, a lembrar a blusa amarela que Rosinha envergava naquele almoço, deteve-se na leitura de um excerto de um texto publicado no Jornal de Letras, a 7 de Julho de 2007, escrito pela autora e que é praticamente uma breve autobiografia, embora a autora o negue. Termina a prosa, também ela inserida nesta edição: “Se isto fosse uma autobiografia teria muitas outras coisas para contar. Mas não conto. Primeiro, porque não quero. Segundo, porque só me dão este espaço que, para 75 anos de vida, convenhamos, não é excessivo. Encontramo-nos no meu próximo romance”.“ E aqui estamos nós, hoje, neste reencontro com a sua última criação!”, concluiu a editora. 

Exposição no Outono complementa Medalha de Honra


 Em nome dos seus irmãos, filhos de Rosinha, só menos um presente na concorridíssima sessão, João exponenciou “a maneira viva e quente” com que a casa de autores a que ela pertenceu e deu muito da sua infinita energia acolheu a sua última obra. 


 Muito sensibilizado, tal como todos os familiares, conforme fez questão de referir, João anunciou que a família de Rosa Lobato de Faria irá entregar, muito em breve, aqui na SPA, todo o espólio da sua mãe. Uma notícia que seria coroada de aplausos.


 Após Pedro Sousa Pereira descrever o seu entusiasmo com a ilustração desta obra de Rosa Lobato de Faria, que ele considerou “uma história altamente imaginativa”, Pedro Rebelo de Sousa, genro de Rosinha, leu uma carta muito intimista que lhe escreveu, neste mês especial de Abril, três anos após a sua morte e em que ela faria 81, no dia 20. Carta que suscitou um forte sentimento de todos os presentes.


 E o intimismo que se gerou levou a que muitos quisessem falar da sua Rosinha ou fossem solicitados a tal. Falou Alice Vieira que com ela conviveu na escrita – “ela ensinou a todos que era possível fazer tudo” -, falou Mário Zambujal – “tinha uma capacidade de se relacionar com todas as pessoas e era de uma grande bondade” -, falou Bi, outra das filhas da autora – “foi tudo feito com muito amor”- e, por fim, de novo José Jorge Letria para confirmar e agradecer a entrega do espólio à SPA e adiantar também que, para além de tudo o que já fora dito, “a SPA irá fazer uma grande exposição sobre a autora, no Outono”. 


 “A Rosa tem uma família excepcional, o seu espólio está muito bem organizado e será aqui tratado de uma forma muito moderna. Este é o exemplo do que é amar. Um legado é que mantém um autor vivo!”, defendeu o presidente da SPA.


Edite Esteves 
Lisboa, 17 de Abril de 2013

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