Pesar da SPA pela morte de António de Almeida Santos, político, escritor e homem de cultura

A SPA manifesta o seu pesar pelo falecimento, aos 89 anos, de António de Almeida Santos, jurista, presidente honorário do Partido Socialista e seu ex-presidente, ex-Presidente da Assembleia da República, ministro fundamental em vários governos após o 25 de Abril, deputado e figura central, também como grande legislador, da nossa vida democrática nas últimas quatro décadas.

Recorde-se que António de Almeida Santos, nascido em Cabeça, no concelho de Seia, em 16 de Fevereiro de 1926, foi também autor de quase duas dezenas de livros de ensaio, memórias, análise política e reflexão sobre os problemas da sociedade global e intérprete qualificado de fados de Coimbra, tendo chegado a gravar em disco o conhecido fado “Lá Longe” e tendo actuado em muitas sessões culturais e artísticas com grandes nomes da canção tradicional coimbrã.

Homem de grande cultura, sempre atento às lutas dos autores pela defesa dos seus direitos, Almeida Santos desenvolveu intensa actividade cívica e política em Moçambique até ao 25 de Abril. Pertenceu ao Grupo dos Democratas de Moçambique, tendo chegado a ser candidato à Assembleia Nacional pela Oposição Democrática, objectivo que a ditadura de Salazar e Caetano o impediu de cumprir.

Foi ministro da Justiça, ministro-adjunto do Primeiro Ministro, e ainda ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares. Teve a seu cargo o complexo dossiê da descolonização, com a consciência de que era assunto de uma extrema complexidade política, social e humana.

Foi cabeça de lista nas eleições legislativas de 1985, em que foi derrotado por Cavaco Silva. Foi membro do Conselho de Estado e presidente da Assembleia da República de 1985 a 2002, destacando-se sempre pela sua capacidade de diálogo, grande cultura, competência jurídica e respeito pelos valores fundamentais da relação humana e da solidariedade. No Congresso do PS em 2011 passou a ser presidente honorário daquele partido.
À data da morte, na passada segunda-feira, tinha presença activa na campanha presidencial de Maria de Belém.

Em 25 de Abril de 2004 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e em 2008 com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.

Deixou publicada uma vasta obra em livro, de que se destacam títulos como “quase Retratos”, “Que Nova Ordem Mundial?”, “Teoria da Imprevisão”, “Textos Políticos”,”Ensaio sobre o Direito de Autor” e o volume de ficção “Contos do Tempo do Ódio”, para além de “Quase Memórias”, livro autobiográfico em que partilhou com o leitor as suas reflexões sobre o colonialismo e a descolonização.

Era um homem culto e muito actualizado, que, nos últimos anos, reflectiu e escreveu abundantemente sobre a reorganização do mundo nesta época global de novas tecnologias e mudanças profundas. Evocando o político e escritor desaparecido, Manuel Alegre enalteceu as suas invulgares qualidades intelectuais e humanas e a excelência do seu conhecimento e domínio da língua portuguesa, bem patente na obra que editou regularmente.

A SPA testemunha à família de António de Almeida Santos e ao Partido Socialista o seu sentido pesar por esta perda que muito empobrece a vida democrática e também a vida cultural portuguesa, por ser um homem de pensamento que nunca deixou de ter presente a realidade do seu tempo e do seu país.

O corpo do político e homem de cultura é hoje sepultado, às 13 horas, no Cemitério do Alto de S. João.

Lisboa, 20 de Janeiro de 2016

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