DECLARAÇÃO DO JÚRI
O júri do Prémio de Teatro Carlos Avilez SPAutores / Teatro Aberto 2025, presidido por João Lourenço e constituído por Isabel Medina, Rui Mendes e Tiago Torres da Silva, pela Sociedade Portuguesa de Autores, e por Francisco Pestana, Patrícia André e Vera San Payo de Lemos, pelo Teatro Aberto, decidiu, por maioria, atribuir o Prémio de Teatro Carlos Avilez SPAutores/Teatro Aberto de 2025 à peça Caravana de João Luís Barreto Guimarães.

De todas as obras a concurso, foi esta a que obteve maior consenso entre o júri quanto às potencialidades que reúne não só para a edição, mas principalmente para a sua transposição para a cena que, de acordo com o regulamento do prémio, ocorrerá no Teatro Aberto. É também de realçar que este prémio, instituído em 1997 pela Sociedade Portuguesa de Autores e pelo Teatro Aberto como Grande Prémio de Teatro Português, é atribuído pela primeira vez com o seu novo nome: Prémio de Teatro Carlos Avilez.
Em Caravana, de João Luís Barreto Guimarães, há uma caravana aparcada num terreno baldio de uma quinta. Ouvem-se grilos, uma coruja. A noite escura é pontuada por pirilampos. A lua está em quarto minguante. Serão as quatro fases da lua, que intitulam poeticamente os quatro actos da peça, a marcar o tempo da acção e a evolução psicológica das quatro personagens, identificadas apenas pelo seu género: Ele, o solitário habitante da caravana, e três mulheres desconhecidas, Ela, a Rapariga e a Mulher, que Ele traz para fugazes encontros nocturnos na sua caravana.
Os diálogos curtos dos jogos de sedução, em que as personagens procuram conhecer-se e também esconder-se, desenrolam-se numa atmosfera de mistério que, de lua para lua, vão deixando entrever mágoas e estratégias de sobrevivência afectiva. Será a caravana um abrigo provisório, um casulo, onde se ensaiam novos rumos para a vida? O autor constrói uma trama com momentos de aproximação e distância, dúvida e incerteza, que prende a atenção do leitor/ espectador, convocando-o a descobrir o que se oculta atrás das máscaras das personagens.
O júri apresenta os seus parabéns ao autor que, sendo médico, tradutor e um poeta já muitas vezes premiado, recebe agora mais um prémio, desta vez como dramaturgo, nesta sua estreia na escrita para teatro.
É, assim, com uma alegria redobrada que entregamos a João Luís Barreto Guimarães este prémio que tem contribuído nas últimas décadas para o fortalecimento da dramaturgia em língua portuguesa.
Já na expectativa do espectáculo que Caravana, a peça agora premiada, irá proporcionar, declaramos:
Viva o Teatro!
Parabéns, João Luís Barreto Guimarães!
Lisboa, 22 de Maio de 2025