A crise desencadeada pela pandemia que afecta o mundo inteiro veio colocar às sociedades de autores dramáticos desafios. Inesperadamente, viram-se a braços com a necessidade de incrementar o apoio aos autores que representam e, ao mesmo tempo, de tentar salvaguardar o máximo de postos de trabalho possíveis para que a actividade fundamental prossiga. Nesse sentido, a SPA adoptou de imediato um conjunto de medidas que foram oportunamente anunciadas e tem já em marcha um plano de contenção dos prejuízos que se estimam gigantescos. A solidariedade foi intensamente activada, mas sempre de acordo com as regras, as prioridades e os ancestrais e sólidos princípios da casa. Até milhares de máscaras e um ventilador adquirimos, a par das muitas medidas de carácter financeiro postas em prática. Iremos ainda mais longe.
Graças a um profundo esforço de recuperação económica da cooperativa levada a cabo nos últimos anos e bem patentes nos resultados que anualmente são auditados e tornados públicos, a SPA enfrenta esta crise com enorme apreensão mas com esperança de que é possível manter e aumentar o apoio aos autores e tentar preservar os postos de trabalho necessários, sempre com realismo e sentido de equidade.
Para tentar reduzir o forte impacto gerado pela violenta quebra das cobranças, com o cancelamento dos espectáculos, com a actividade económica praticamente paralisada e com o aumento do desemprego, a SPA prossegue a sua actividade virando-se para a procura de novas soluções e, em simultâneo, reduzindo ao máximo os seus custos de funcionamento.
Com a boa relação estabelecida com os nossos parceiros, desde os grandes operadores até aos municípios, sempre baseada na confiança e na compreensão das dificuldades mútuas, tem sido possível garantir a cobrança das verbas fundamentais para que a operacionalidade se mantenha e para assegurar a liquidez indispensável. Por outro lado, está já em curso um sério processo de reorganização dos serviços que irá diminuir despesas e que vai desde a extinção e/ou fusão de departamentos até à rescisão ou renegociação de avenças. São opções inadiáveis num grave contexto de crise. Oportunamente anunciaremos as decisões já tomadas, contando antecipadamente com a vossa compreensão. Este é, como não podia deixar de ser, o tempo de decidir e actuar, sempre em nome do interesse e bem comuns.
A cooperativa dos autores portugueses está ciente do cenário alarmante que enfrenta mas confia na sua capacidade de se adaptar, de reinventar procedimentos e métodos de trabalho e acredita que, num esforço conjunto com os diversos parceiros, com o empenhamento activo dos trabalhadores e dos dirigentes, será possível ultrapassar este desafio, porventura o mais difícil que surgiu ao longo dos seus 95 anos de existência, efeméride a ser comemorada sem público no próximo dia 22. Mas com os olhos postos no futuro, incerto mas imparável.
Mas, com os autores unidos em torno da casa que os representa, com o prestígio internacional granjeado e com a credibilidade que também a nível nacional lhe é reconhecida, a SPA saberá ultrapassar sem danos irreversíveis esta época dramática e irá dando conta da evolução da situação económica e financeira, sendo certo que apenas no segundo semestre se conseguirá avaliar com rigor o real impacto provocado por esta pandemia. Uma história tão longa também se escreve com momentos dramáticos de privação e reflexão colectiva como aqueles que agora vivemos e devem unir-nos.
Lisboa, 11 de Maio de 2020