A SPA manifesta o seu pesar pela morte do surrealista Artur Cruzeiro Seixas

SPA manifesta o seu pesar pela morte, aos 99 anos, do pintor e poeta Artur Cruzeiro Seixas, figura central do surrealismo em Portugal, a par de Mário de Mário Cesariny e de outros grandes nomes da literatura e da pintura. Cruzeiro Seixas era associado da SPA desde 31 de Julho de 1990 e foi distinguido com a medalha de honra da cooperativa em 28 de Setembro de 2012.

Em 4 de Novembro de 2011 foi gravada uma longa entrevista com o pintor, feita por José Jorge Letria, que daria origem a um livro autobiográfico incluído na colecção O Fio da Memória publicado pelo Guerra e Paz. Essa entrevista foi já transmitida a 1 de Julho de 2020 no “site” da cooperativa na série de grandes entrevistas culturais. Irá agora ser retransmitida como forma de homenagem ao criador agora desaparecido. (pode ser vista AQUI)

Nascido em 3 de Dezembro de 1920 na Amadora, Artur Cruzeiro Seixas morreu no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Destacou-se como pintor, desenhador, escultor e poeta, mantendo-se activo até ao final da vida, apesar dos problemas de saúde que muito o limitavam. Foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural do ministério da cultura “pelo contributo incontestável para a cultura portuguesa”. A sua perda foi lamentada pelo presidente da República, pelo Primeiro-Ministro e pelo presidente da Assembleia da República.

Cruzeiro Seixas estudou na Escola António Arroio, onde se tornou amigo de Mário Cesariny, figura fundamental na construção da sua obra e na consolidação da sua opção estética pelo surrealismo, aspectos largamente referidos na entrevista que deu origem ao livro autobiográfico publicado pela Guerra e Paz com o apoio da SPA. Foi amigo e companheiro de criação de Mário Henrique LeiriaAntónio Maria Lisboa Pedro Oom, entre outros.

Partiu para Angola, alistando-se na Marinha Mercante, em 1950. Ali permaneceu 14 anos, conhecendo bem a cultura angolana e continuando sempre a pintar e a fazer exposições. Também viajou pela Índia e pelo Extremo Oriente. No regresso a Portugal em 1964, recebeu uma bolsa da Gulbenkian, fez uma exposição retrospectiva na Bucholz e também uma exposição com Mário Cesariny. Nos anos seguintes dirigiu a Galeria São Mamede e criou cenários para a Companhia Nacional de Bailado e para o Ballet Gulbenkian. Participou em importantes exposições colectivas em vários países.

Em 1999 doou a totalidade da sua colecção à Fundação Cupertino de Miranda para a criação do Centro de Estudos do Surrealismo e do Museu do Surrealismo. Disse um dia que para o artista o mais importante foi sempre “o desejo de liberdade“.

Em 2012 foi homenageado pela Feira Internacional do Livro de Santiago do Chile. Em 2017 a Bienal de Vila Nova de Cerveira prestou-lhe uma homenagem.

Em Junho deste ano, apesar da pandemia, foi editado o primeiro dos quatro volumes da sua “obra Poética“. Sempre criticou como “o pior disparate deste mundo” o facto de as pessoas considerarem que “a vida cultural, a arte a vida intelectual são coisas secundárias“.

Em nome dos autores portugueses, a SPA, que o homenageou e celebrou, muito lamenta a sua perda e honra-se de o ter tido presente em várias iniciativas de homenagem à sua vida e obra.

Lisboa, 9 de Novembro de 2020

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