A Direcção da SPA manifesta o seu pesar pela morte, aos 77 anos, da escritora e cooperadora Maria Isabel Barreno, uma das autoras, em 1972, do livro “Novas Cartas Portuguesas”, com Maria Teresa Horta e Maria Velha da Costa. As três autoras sempre integraram a SPA como cooperadoras. O livro “Novas Cartas Portuguesas” deu origem a longo processo judicial e também político que se encerrou com a absolvição das três autoras já depois do 25 de Abril de 1974.
Licenciada em Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Maria Isabel Barreno, beneficiária da SPA desde 1977 e cooperadora desde 17 de Julho de 1996,
destacou-se como romancista e ensaísta, merecendo particular destaque o livro “A Morte da Mãe”, estudo sociológico e filosófico sobre a evolução da mulher na sociedade portuguesa.
O seu último romance -“Vozes do Vento”- foi editado pela Sextante em 2009.
Maria Isabel Barreno foi distinguida com os prémios Fernando Namora pelo romance “Os Sensos Incomuns”, com o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco e ainda com um prémio do Pen Clube. Escreveu muita poesia que nunca publicou. Gostava de dizer que o 25 de Abril foi o dia mais feliz da sua vida, porque representou a libertação de toda a repressão que ainda conheceu e testemunhou.Foi distinguida com a Medalha de Honra da SPA em 2008. A SPA gravou com Maria Isabel Barreno uma longa entrevista autobiográfica que permanece inédita e que poderá ser relevante para quem estuda a sua obra.
Os restos mortais de Maria Isabel Barreno foram cremados no passado domingo no cemitério dos Olivais. Do seu trabalho como investigadora destaca-se o título “O Falso Neutro: um Estudo sobre a Discriminação Sexual no Ensino”, de 1985.
O Presidente da República e o ministro da Cultura manifestaram o seu pesar pela morte de Maria Isabel Barreno, que a SPA tinha a honra de ter como cooperadora e que manifestou o seu apoio e simpatia no processo de mudança operado na cooperativa em finais de 2003 e nos anos seguintes. Foi sempre uma cooperadora atenta e empenhada que hoje se homenageia e recorda com admiração e saudade.
Lisboa, 5 de Setembro de 2016
